CICLO MENSTRUAL: ENTENDA O QUE É E COMO FUNCIONA

Luftal

O ciclo menstrual é um processo hormonal, composto por fases e sintomas que preparam o corpo para a gravidez. Quando a concepção não acontece, resulta na menstruação. Inclusive, sua primeira fase é a menstrual. A segunda é chamada de fase folicular, seguida pela fase ovulatória e terminando na fase lútea.

Neste material, vamos explicar todas elas para você. O objetivo é fazer com que você entenda melhor como funciona o ciclo menstrual, suas principais curiosidades e mitos e quais fatores influenciam para que ele se mantenha regulado ou não.

Ao final, traremos algumas informações sobre a cólica menstrual, condição que afeta muitas mulheres. Esperamos que goste do que preparamos. Boa leitura!

A importância da menstruação

A menstruação é o sangramento vaginal natural, que faz parte do ciclo menstrual saudável para uma pessoa com útero e ovários, normalmente com idade entre 12 e 51 anos. Todos os meses, o corpo dessas pessoas se prepara para a gravidez. O revestimento do útero fica mais espesso, o óvulo cresce e é liberado pelo ovário direito ou esquerdo, que se alternam durante os meses.

Se a gravidez não acontecer, os níveis de estrogênio e progesterona — os hormônios responsáveis pela menstruação — caem, indicando ao corpo que está na hora de sangrar e, de fato, começar a menstruação. 

O funcionamento do ciclo menstrual

Considera-se ciclo menstrual o primeiro dia de sua menstruação, até o primeiro dia da próxima menstruação. Ele engloba todo o período de sangramento, quando ele acaba, até que você comece a sangrar de novo.

Para grande parte das pessoas, esse período dura de 25 a 30 dias. No entanto, a menstruação é algo tão particular que pode levar apenas 21 dias para o seu recomeço, ou se estender a mais de 35. O número de dias em que fica sangrando também pode variar, sendo que o normal é considerado de dois a sete dias.

Fases do ciclo menstrual

O ciclo menstrual é dividido em três fases: folicular, ovulatória e lútea. Aprenda sobre elas.

Fase folicular

O seu ciclo menstrual começa no primeiro dia de sangramento, quando dá início a fase folicular, com duração de quatro a oito dias. Nesse período, os hormônios progesterona e estrógeno sofrem uma queda. Como consequência, podem surgir sintomas, como:

  • aumento da ansiedade e irritação;
  • aumento da frequência de urinar;
  • cólicas menstruais;
  • crise de enxaqueca;
  • distúrbios do sono — insônia ou sonolência;
  • dor de cabeça;
  • dor ou sensação de peso abaixo do umbigo ou na lombar;
  • fadiga.

Fase ovulatória

Cerca de duas semanas após o primeiro dia da menstruação, o corpo entra na fase ovulatória. É nesse intervalo que a concepção pode acontecer, quando um casal faz sexo sem qualquer tipo de proteção.

O estrogênio, que estava em queda na fase anterior, começa a subir para ajudar o corpo a produzir o hormônio luteinizante. É esse que será responsável por selecionar e liberar o óvulo pelas trompas. 

Fase lútea

Os últimos 12 dias do ciclo são marcados pela fase lútea, aumentando a liberação de progesterona. Combinados com pequenas quantidades de estrogênio, os hormônios ficam aguardando um óvulo fertilizado.

Quando isso acontece, dá-se início a gravidez. Mas se ela não ocorre, a progesterona começa a cair, o revestimento do útero se descama e o sangue menstrual desce, começando um novo ciclo.

5 curiosidades sobre ciclo menstrual

A menstruação das mulheres já é um fenômeno muito bem compreendido, afinal, é estudado há muito tempo. Mesmo assim, existem vários mitos e curiosidades acerca do sangramento e do ciclo menstrual, em si.

Trouxemos alguns deles para que você fique sabendo um pouco mais sobre esse fenômeno natural. Mas já vamos avisar: alguns mitos serão desfeitos. Portanto, dependendo do que você acredita, prepare-se!

1. Mulheres que andam juntas menstruam ao mesmo tempo

Existe uma teoria por trás da sincronização dos ciclos menstruais: os feromônios das mulheres interagem quando elas estão por perto, por isso, menstruam ao mesmo tempo. Muitas mulheres acreditam nisso. No entanto, Alexandra Alvergne, professora de antropologia biocultural da Universidade de Oxford, é categórica ao afirmar que se trata de um mito.¹

Na década de 1970, um estudo publicado por uma pesquisadora chamada Martha McClintock afirmou que, em um grupo de 135 mulheres, o início da data de menstruação entre amigas e pessoas que moravam juntas eram semelhantes — o que não acontecia em pares aleatórios.

Alvergne afirma que não foram encontradas mais evidências que confirmassem os estudos. Ela atribui a crença à necessidade humana de encontrar explicações, até mesmo, para situações do acaso.

2. A menstruação está sincronizada com as fases da lua

A primeira pessoa que acreditou que a menstruação se conectava com as fases da lua foi Darwin. O teórico concluiu que o fato de o ciclo menstrual durar 28 dias era uma evidência de que os nossos ancestrais viviam na praia.

Assim como o comportamento dos animais litorâneos e marinhos muda de acordo com as marés — que se modificam conforme o calendário lunar — o corpo humano também precisava se adequar às fases da lua. Mas a realidade é que essa sincronia não existe. Mulheres cujo período 28 dias têm apenas a mesma duração do mês lunar.²

3. As mulheres não podem ir ao espaço porque menstruam

Na década de 1960, alguns especialistas defendiam que as mulheres não poderiam se tornar astronautas, pois as mudanças na gravidade poderiam impedir o sangue de descer, ficando acumulado no abdômen e causando uma infecção.

Em primeiro lugar, a gravidade não interfere na menstruação. No dia que o sangue estiver para descer, ele vai sair, esteja você de cabeça para cima, esteja de cabeça para baixo. Além do mais, astronautas utilizam métodos para não menstruar durante a missão, pois a higienização do corpo fica comprometida.³

4. Em pessoas asmáticas, a menstruação pode piorar os sintomas

Embora a relação entre hormônios e asma seja complexa e pouco compreendida, variando de pessoa para pessoa, existe uma piora nos sintomas da asma que se dá pela oscilação dos níveis de progesterona e estrogênio ocorridas durante o ciclo menstrual.4

5. Você menstrua bem menos do que parece

Uma pessoa com a menstruação saudável perde de uma a seis colheres de sopa de sangue menstrual durante cada ciclo. O sangue pode ser fino ou grosso, e variar do vermelho escuro ao marrom ou rosa.

As substâncias contidas nos absorventes descartáveis faz com que você pense que menstrua muito mais. O uso do coletor menstrual ou do disco menstrual expõe bem essa diferença.

O ciclo menstrual é igual para todas as pessoas?

Como falamos, o ciclo menstrual varia de pessoa para pessoa. Trata-se de um fenômeno natural, mas dinâmico, e pode variar por muitos motivos e de várias maneiras.

A duração do seu ciclo, a intensidade da menstruação e os sintomas que você experimenta podem mudar de acordo com os anos, as situações estressantes, a alimentação e as condições físicas. Parece óbvio que também sejam diferentes para outras pessoas, não é mesmo?

Qual é a importância de um ciclo menstrual regulado?

Acompanhar a duração de cada ciclo menstrual e os sintomas que aparecem, utilizando um caderno de anotações ou um aplicativo próprio para isso, é fundamental para monitorar a regularidade da sua menstruação.

Quando o sangue demora a descer, pode ser um indicativo de gravidez. Mudança na intensidade de sangramento, cólicas menstruais, dores na lombar e outros sintomas que costumam aparecer nos primeiros dias antes de sangramento, ou um pouco antes, podem indicar problemas como endometriose ou doença inflamatória pélvica.

Por que o ciclo menstrual desregula?

É difícil encontrar uma pessoa que não tenha experimentado pelo menos um ciclo menstrual irregular ao longo da vida. Além de ser comum, é algo que acontece com bastante frequência quando a mulher começa a menstruar.

Sendo a menstruação um processo hormonal, qualquer fator que afete o equilíbrio desses hormônios pode interferir na duração do seu ciclo, nos sintomas e na intensidade do sangramento.

Seja na adolescência, seja depois de anos menstruando, essas irregularidades podem se manifestar mais precisamente das seguintes formas:

  • ciclos sem ter duração definida;
  • diferentes sintomas de TPM;
  • menstruando duas vezes em um mesmo mês;
  • passando um mês sem menstruar;
  • sangramentos mais intensos ou mais leves do que o normal;
  • tempo imprevisível de períodos a cada mês.

Fatores como estresse, má alimentação ou níveis hormonais desregulados, como o da tireoide, podem interferir nesse equilíbrio. O tratamento vai depender da causa mas, geralmente, não é difícil de solucionar.

Como manter o ciclo menstrual regulado?

Ter ciclos menstruais regulares é um sinal de que o seu corpo está funcionando normalmente — embora o ciclo desregulado nem sempre seja indicação de um problema grave ou difícil de resolver, como relatamos acima.

Se você descobriu a causa e está em tratamento, ótimo! Mas se não tem nenhum problema e, mesmo assim, o seu ciclo não estabilizou ou deu uma atrasadinha esse mês, a dica é apostar em exercícios físicos e boa alimentação, para a manutenção de um corpo saudável e em equilíbrio, além da redução do estresse. E claro, converse com seu ginecologista quando os problemas persistirem.

Qual é a relação do ciclo menstrual com as cólicas?

É normal experimentar alguns desconfortos durante a menstruação. A dor abdominal, com sensação latejante, que vai e volta, é popularmente chamada de cólica menstrual. Oficialmente, o distúrbio tem nome: dismenorreia.

A dismenorreia é uma condição que muitas mulheres experimentam ao longo da vida. Durante o ciclo menstrual, especialmente, dias antes de menstruar e nos primeiros dias de sangramento, aparecem as dores latejantes na parte inferior do abdômen, que podem irradiar para a região lombar.

Há pessoas que sentem apenas um desconforto. Já outras têm suas atividades diárias comprometidas, e precisam fazer uso de um analgésico desenvolvido para combater as dores do ciclo.

Ainda que tenham que se medicar para seguir com a rotina, a cólica menstrual é comum e pode acontecer em outras fases do ciclo. Ela é chamada de dor da ovulação quando ocorre duas semanas antes do sangramento.

Nesse caso, a dor aparece apenas do lado esquerdo ou direito, nunca simultaneamente, quando o óvulo está sendo liberado pelos ovários, e não costuma ser um problema.

Como tratar cólicas menstruais?

Existem diversas alternativas caseiras que podem minimizar as cólicas menstruais. Aquecer a região abaixo do umbigo com um uma bolsa de água quente, realizar massagem no local, praticar exercícios aeróbicos e tomar um delicioso banho de banheira em água quente são algumas das possibilidades para amenizar os sintomas.

Manter uma alimentação saudável, longe de alimentos gordurosos, álcool e tabaco, também contribui para que o ciclo menstrual seja menos doloroso. Quando somados a acupuntura e ioga, certamente, trarão dias mais tranquilos.

No entanto, as cólicas menstruais também são indicativos de outros problemas. Se elas são muito dolorosas, duram mais de três dias e vêm acompanhadas de sintomas como ciclo menstrual irregular, sangramento intenso e menstruação que dura mais do que uma semana, pode ser hora de procurar um médico.

Por meio de exames físicos, o Papanicolau e exames de imagem, quando necessário, o profissional vai investigar condições como:

  • adenomiose;
  • doença inflamatória pélvica;
  • endometriose;
  • tumores benignos.

Quando confirmados, a pessoa é submetida a tratamento. Após o controle da condição, a tendência é que as cólicas minimizem ou desapareçam.

Contudo, estamos lidando com uma condição comum. As chances de ser apenas uma parte normal do ciclo são maiores do que as de ser um problema significativo. Por isso é tão importante manter os exames de rotina em dia.

Se você já foi ao médico e ele constatou que não há qualquer problema de saúde, nada impede você de tomar um analgésico para as cólicas. Aqueles que combinam ibuprofeno e paracetamol, costumam ser mais efetivos.

Saber o que é o ciclo menstrual e como ele funciona é fundamental para acompanhar a saúde reprodutiva. Você pôde perceber, ao longo de todo o texto, que as alterações são importantes indicativos de quando algo não vai bem ou existe uma gravidez à vista. Procure conhecer e monitorar o funcionamento do seu corpo e busque um profissional se perceber alguma coisa muito fora do padrão.

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Referências:

¹BBC News

²Science Focus

³Science Focus

4Mayo Clinic